sábado, 29 de dezembro de 2012

ACABADA DE FAZER, PÃO FRESCO, SAÍDO DO FORNO DA POESIA


São modos diferentes
E iguais
De se chegar a Deus:
Oração e poesia.
É o pão nosso
De cada dia
Da alma.
Então
Que em cada novo ano
Venha o Ano Bom;
E de cada ano bom,
tenhamos os dias abençoados
com o pão da alma,
brilhando em nossas mentes,
em nosso íntimo.
Nos elevando
E enlevando,
Seja pela poesia
-a mais antiga forma de orar-
Seja pela Palavra propagada
E guardada no coração,
Por isso mesmo
Decorada,
Oração,
Que aprendemos em criança,
Com o pai ou a mãe
Na cabeceira,
Segurando nossa mão.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

BOM NATAL, TODO DIA

O dia é 25, solstício de inverno no hemisfério norte, de verão aqui no hemisfério sul. A Igreja instituiu este mesmo dia como o do nascimento do Cristo, que assim como o sol, nos traz a Luz necessária para a vida, mas a espiritual, não a material. Na verdade, não se dissocia a matéria do espírito quando esta luz nos banha. Cada ação é ato de fé; cada palavra é responsabilidade. Fazer o bem, ser bom, ver a todos como irmãos, não é exercício de um dia, mas de uma vida. Pensa que é fácil? É não!, rs. Mas viver com esta Luz como teu norte torna a vida repleta de pequenos milagres diários, e os olhos às vezes se enchem de lágrimas, pelo sentimento que nos vem, de exultação, e não de tristeza. Festa por festa, não vale. Festa com significado, signos identificados e aceitos, decodificados, sim. Bom Natal, todo dia...

domingo, 16 de dezembro de 2012

REPORT SOBRE O CONGRESSO BRASILEIRO DE ESCRITORES, NOVEMBRO DE 2011


LIVRO: Difusor de Cultura ou Material de Consumo?

Estou de volta à Central 42, direto do Congresso Brasileiro de Escritores, realizado pela União Brasileira de Escritores durante o nosso último feriado prolongado do ano, de 12 a 15 de novembro, com reflexões e muitas lições fresquinhas para compartilhar com vocês.
Fui para a terra vermelha de Ribeirão Preto/SP sem lenço e sem documento, praticamente no sol de quase dezembro, atrás de um sonho: conhecer o “fazer um livro” por trás dos bastidores, entender como funcionam as editoras e conhecer este bicho-homem-escritor, em que caverna ele vive e como ele se alimenta. Encontrei bem mais que isto nas oficinas literárias, mesas redondas (que são retangulares) e nos debates dos quais participei. Encontrei uma rica discussão em torno de assuntos que nos interessam, penso eu, pois não envolve só o livro e sua confecção, mas o que fazer com ele e o que será dele no futuro.
Além das oficinas das quais participei, com Menalton Braff e Deonísio da Silva, escritores brasileiros premiadíssimos e desconhecidos do grande público aqui no Brasil (já que são mais lidos no exterior do que na terra deles), participei de debates com outros grandes escritores: Betty Milan, colunista da Veja, Jorge da Cunha Lima, hoje à frente da Fundação Padre Anchieta, Quartim de Moraes, jornalista e editor, Waldeck de Almeida de Jesus(www.galinhapulando.com) poeta baiano premiadíssimo e com belíssimas ações sócio-culturais em Jequié, junto com seu amigo e escritor regionalista Domingos Ailton (www.domingosailton.com);Laura Bacelar, escritora e editora, e encerrei com chave de ouro com uma palestra de Affonso Romano de Sant’Ana, grande poeta de nossa língua.
O que eu vou dividir com vocês são os temas que continuam saltando na minha memória.
Primeiro, a reclamação dos escritores brasileiros sobre haver mais livros estrangeiros no mercado do que os nossos, principalmente no quesito infanto juvenil, com bruxos, vampiros e mundos fantásticos. Teve quem dissesse que jovem não gosta de ler, ou só lê “porcaria”. Dei um “alto lá”, e disse que não é bem assim. Tenho filhos em casa, e sei que se você proporcionar o convívio com os livros, eles pegam o gosto pela leitura. E mais: se eles lêem Harry Potter, é porque não há aqui escritores que tratem de temas fantásticos com a nossa mitologia brasileira, tupiniquim, com o mesmo interesse que o autor estrangeiro fala da dele, isto é duendes, fadas, bruxos. Nós mesmos não aceitamos a nossa herança cultural diversificada, a ponto de não escrevermos sobre ela. O nosso grande escritor infantil foi Monteiro Lobato, que para quem não sabe, e eu não sabia, fundou a primeira editora brasileira, pois antes eram francesas… e fez um acordo com os Correios do Brasil, espalhando livros do Oiapoque ao Chuí, literalmente. Com isso acabei conhecendo Camila Prietto (www.camilaprietto.com.br), estreando com um livro para os jovens, Em Busca do Guardião da Luz que já devorei pela metade, com muita ação, mistério e magia, eJordemo Zaneli (http://www.facebook.com/jordemozanelijuniorcom um romance eletrizante, A Garota Rockstar.
Outro assunto bem debatido foi a formação de leitores, as políticas de governo, e as iniciativas particulares, projetos de bibliotecas volantes, livros em hospitais, contadores de histórias. Percebi nesta troca, que seja lá aonde for, na favela, no hospital, no interior do Brasil, nas nossas periferias, se dermos acesso aos livros a estas pessoas, elas os devoram, literalmente. Achei linda uma história que Affonso Romano(www.affonsoromano.com.br) compartilhou conosco, verídica.
Ele contava que, trabalhando na Biblioteca Nacional, encontrava mais parceiros no esforço de formar leitores fora do governo do que dentro dele. Um deles foi um antigo colega de escola que se formou médico, e resolveu colocar uma estante com livros no hospital onde trabalhava. Ficou muito feliz vendo os pacientes com os livros na mão, o projeto dando certo. Até que um dia, foi dar alta a um paciente que pediu para ficar, pois não havia terminado de ler um livro… contou o caso, satisfeito, para um residente, que disse que a história estava mal contada, pois aquele paciente era analfabeto. O médico, então, foi com jeito conversar com o homem, tirar a história a limpo. Quando questionou o paciente, ele disse: “eu não sei ler, não senhor, mais o doente do leito 14 lê prá mim, e eu leio na leitura dele.” Desculpem, tive que tirar o Kleenex do bolso…
Dentro do assunto de democratizar a leitura e divulgar os livros, um assunto que levava os escritores à loucura era: escrever para si mesmo ou escrever para o leitor consumidor? Eis a questão. O que os editores nos explicaram à exaustão, é que não devemos forçar a nossa natureza escrevendo do que não gostamos, mas escrevermos bem dentro da nossa especialidade, e, se não quisermos ser lidos só pelos nossos familiares, aliarmos ao nosso dom assuntos que interessem ao público. Livro de ação sem ação não vende; poesia com rima pobre também não. Portanto o escritor deve ter excelência no que faz para poder chegar ao seu público. E o público manda. Atire a primeira pedra quem já não leu um livro de auto-ajuda, ou não folheou um livro do Padre Marcelo. Isto também é nicho de mercado, gente! E também contribui para a formação de novos leitores, bem como os nossos queridos e amados gibis, companheiros desde a infância até a vida adulta.
Por fim, Affonso Romano nos pôs para refletir sobre o papel da leitura e do leitor na sociedade. Não existe sociedade desenvolvida sem cidadãos leitores, minha gente. Ele terminou sua palestra perguntando algo que nos diz respeito: conseguiremos fazer a disseminação da cultura através dos ipods, ipads, notebooks?  Saberemos usar estas ferramentas para sairmos do atraso em que nos encontramos?
Foi então que eu propus divulgarmos através dos nossos sites, blogs, sites e e-mails dos novos escritores que desejam ser conhecidos, e não encontram espaço na mídia e na vitrine das livrarias. Ao final deste artigo espero que vocês, que estão lendo isto, entrem nos links e dêem uma olhadinha nos trabalhos de meus colegas, peçam o livro para eles caso se interessem, pois muitos aqui estão bancando suas obras. Eu também sugeri a eles que deixem um “menu degustação” da produção literária deles, para que vocês possam ver se gostam ou não. E divulguem! Os escritores brasileiros são competentes, esforçados, e precisam de leitores! Vocês!
Para terminar, fomos todos muitíssimo bem recebidos pelos escritores de Ribeirão Preto, simpaticíssimos, como Eliane Ratier (http://elianeratier.blogspot.com), que comandou o sarau com um belíssimo sorriso no rosto, e Maris Ester Souza, presidente da Casa do Poeta de Ribeirão Preto, com sua fala doce. Também não posso deixar de citar aqui mais alguns de meus novos amigos, como a romancista Sueli de Conti Jorge(www.suelideconti.com.br), a poetisa Mara Senna (http://marasenna.blogspot.com), o mato-grossenseSebastião Waldir da Silva, retratando o seu pantanal (swswaldir@gmail.com), entre tantos outros, com quem participei do Congresso.
Espero que os leitores do Central 42 tornem-se também leitores desta nova leva de escritores. E não se esqueçam de mim!

ENTREVISTANDO ADHEMIR MARTHINS


Um papo com Adhemir Marthins, escritor de “Apoteose dos Gatos”

Adhemir Marthins nasceu em Joaquim Távora, no Paraná em 1966, e mora atualmente em Ribeirão Preto, São Paulo. É professor graduado em História e Filosofia com Pós Graduação em História Contemporânea. Publicou em 2010 o Romance “UM EXÍLIO E UM REINO” com apresentação de Menalton Braff e em 2011 o livro de Contos “APOTEOSE DOS GATOS”. É Cronista do Jornal O Atlântico Diário de Santa Catarina. Em 2010 foi Finalista do Prêmio Paulo Leminski de Contos.
Conheci Adhemir Marthins, primeiramente, pelo facebook, através de escritores de Ribeirão Preto. Fui conhecê-lo pessoalmente na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, quando tivemos uma conversa muito agradável sobre literatura e vida.
Convidei-o para esta entrevista, para que conheçam um pouco mais deste escritor brasileiro, graduado em Filosofia e História, que vive em Ribeirão Preto, mas veio “importado” do Paraná.

Mara Senna, Paulo Fernando, Adhemir Marthins e Ana Claudia Marques
Adhemir, quando a leitura começou a fazer parte de tua vida?
Claudia, não saberia precisar isso, mas lembro-me que os livros não faziam parte do cotidiano de minha família. Em minha casa não havia livros, a não ser uma Bíblia antiga que pertencera a meu avô. No entanto, muito cedo comecei a me apegar a gibis, que com extrema dificuldade conseguia para ler. Eram raros. Diferentemente de muitos autores que começaram lendo Monteiro Lobato, eu comecei pelo gibi. Eram minhas fontes primárias para as primeiras histórias que viria a escrever, mas também em formato de gibi, já que não conhecia a linguagem dos livros. Engraçado, a presença deste tipo de literatura foi tão forte em minha adolescência, que até hoje conservo exemplares raros daquela época. Os gibis foram importantes para a minha formação como escritor hoje. Um maravilhoso começo.
Quais são as tuas referências literárias?
Comecei a ler literatura tardiamente quando já estava no antigo ginásio. Dois livros me marcaram muito na época: “O Menino de Asas” e “O Cabra das Rocas” de Homero Homem. Fiquei impactado com as histórias destes livros, tanto que tenho em minha biblioteca os exemplares que adquiri posteriormente. Queria saber mais, ler mais, mas mesmo naquela época os exemplares eram poucos na biblioteca da escola, pois estudava em uma escola pública de uma pequena cidade no interior do Paraná.
O meu acesso aos livros de fato aconteceram quando fui parar em um Seminário. Então lá comecei a tomar conhecimento deste vasto mundo das palavras. Não sabia que havia tantos escritores, e olha que eu estava entrando no segundo grau. Depois, no curso de Filosofia, fui me deparando com alguns autores que acabaram norteando minhas idéias, mapeando a minha existência naquele momento. Jean Paul Sartre, Albert Camus, Franz Kafka, Sigmund Freud eram os autores que mais lia, entre tantos outros.
Nessa época fui apresentado a dois autores, para mim muito importantes também: Milan Kundera, por quem tenho uma admiração profunda e Humberto Eco. Poderia dizer que estas são as minhas referências estrangeiras, mas alguns brasileiros também estavam na cabeceira: Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Nélida Piñon e claro, Machado de Assis e outros ilustres clássicos brasileiros. Somos uma mistura. Dessa mistura criamos nossa maneira de ver o mundo, de interpretá-lo e acabamos formatando um estilo próprio. Basicamente são estes autores que estão sempre à minha volta.
Você hoje tem dois livros publicados, “Apoteose dos Gatos e Um Exílio e Um Reino”. Quando foi que nasceu o escritor Adhemir Marthins?
Penso que o escritor não surge assim de um dia para outro. É uma construção permanente. Tenho escritos guardados a mais de vinte anos. Romances escritos na década de 1980. Tornamos-nos conhecidos a partir de um livro publicado, mas antes disso o escritor está latente, produzindo, querendo romper a própria casca. Um escritor não decide que quer ser escritor sem antes haver a priori essa potencialidade. Tudo converge para um ponto, mas até lá há um processo que não para.
Um escritor surge neste contato com a palavra e se descobre lendo, este é o primeiro passo. O escritor em mim e em todos os que conhecemos nascem assim… Embalados pelo livro. Este é o canto da sereia. A magia, o feitiço aconteceu quando curiosamente abri os livros, e esta curiosidade felizmente não acaba nunca. Escrever é isso, salvar o mundo do excesso da curiosidade, as minhas e as dos outros.
Sei que você, além de escritor, tem agora uma editora, a Redemoinho. Como você vê o mercado editorial no Brasil? E dentro deste mercado, onde se encaixa o e-book para você?
Não sou pessimista, se o fosse não teria encarado este novo desafio. Sou e estou otimista com o mercado editorial brasileiro, claro não tenho por hora pretensões gigantes e nem ambições triunfalistas acerca do livro, mas quando decidi desenvolver este projeto a intenção primeira, e talvez a única, foi pensando nos escritores novos.
Quantos bons escritores novos temos por aí? Digo, autores que estão escrevendo, produzindo bons textos. Há muita porcaria, muito lixo, sendo publicado até mesmo por editoras grandes, apesar de isso ser relativo. Há quem goste e quem detesta. O que quero dizer é que tem muita gente boa sem espaço, sem visibilidade. A descoberta destes “novos” escritores não vai acontecer da noite para dia, mas de uns tempos para cá, com as facilidades para se publicar, isso favorece para que apareçam bons autores que estão distantes da grande mídia. A internet que abriu o caminho para as publicações no formato digital é uma prova disso. Muitos autores estão sendo reconhecidos por seus trabalhos. Mas é preciso ainda suar a camisa. Minha intenção como editor é ser mais uma vitrine a estes novos autores. Criar possibilidades… Caminhar junto.
Como disse a internet é um campo vasto de possibilidades. O livro em formato digital está acontecendo, não substituirá o livro em papel, mas é uma ferramenta a mais não só para os novos autores como também para editores.
Te conheci numa Feira do Livro em Ribeirão Preto. Tenho visto a ocorrência deste tipo de evento em várias cidades do interior paulista. Estas Feiras do Livro conseguem efetivamente, aproximar escritor e seu público?
A princípio parece que não, pois a frequência de pessoas participando dos salões de ideias, cafés filosóficos, ainda é pouco, e por vezes quase sempre os mesmos. O que existe é muita gente circulando pelos estandes, na maioria crianças e jovens procurando gastar o cheque livro que ganham nas escolas oferecidos pelas Prefeituras como incentivo. O que temos é quantidade de pessoas nas Feiras e pouca qualidade, no que se referem ao interesse pelos escritores e suas obras.
Há muito interesse por outras atividades que são incorporadas às Feiras, principalmente as atrações musicais. Penso que o modelo de Feiras grandes não funciona como se espera. Tenho visto e participado de Feiras menores com melhores resultados. Tanto a Bienal de São Paulo, como a de Ribeirão Preto e tantas outras precisam ser repensadas. Nestas Feiras a grande referência é o livro, no entanto, não é o que se percebe. Outras atrações são importantes, mas não devem ocupar o mesmo espaço do livro e dos autores. Parece um samba do “crioulo doido”.
Outro dado importante, é que os escritores precisam ser mais valorizados nestas Feiras. Em Ribeirão Preto é possível perceber uma melhora neste sentido, já que os autores locais estão participando efetivamente da Feira, mas há ainda muito por fazer. Pessoas competentes e verbas para isso há, faltam apenas vontade e senso de organização.
Curiosidade: tem algum projeto literário novo em andamento?
Alguns… Estou trabalhando em um romance novo a pouco mais de um ano e meio, que deverá ser lançado em 2013. Também revisando outro para o próximo ano. Mas isso tudo depende de outros fatores, inclusive dos textos que me chegam de outros autores para avaliação e o acompanhamento que faço aos que já estão sendo publicados pela Editora Redemoinho. Além claro, de dar continuidade à divulgação dos que já foram lançados. Filhos só os deixamos depois que crescem, ainda assim ficamos o tempo todo por perto.
E por último, você tem algo que gostaria de dizer a quem está nos lendo?
Leiam-nos… Compartilhem… Quem guarda para si as riquezas não é só capitalista, mas também mercenário. Na literatura como nas demais áreas de nossa vida devemos ser socialistas. A partilha e a comunhão de idéias são importantes. Isso nos fortalece com leitores, escritores e editores. Uma dica é que leiam, leiam muito. Não existe um bom escritor que não seja um grande leitor. Precisamos nos alimentar da matéria da qual nós escritores somos feitos: a palavra.
“Ninguém dá o que não tem.”
Obrigada, Adhemir, pela entrevista!
Obrigado eu, e sigamos em frente.
Apoteose dos Gatos
Autor: Adhemir Marthins
Gênero: Contos
Editora: Coruja
No segundo livro de Adhemir Marthins, Apoteose dos Gatos, uma série de contos se entrelaça com um tema comum a todos eles: o cotidiano. Misturadas à nossa realidade, as narrativas são contextualizadas e sedimentadas nas pequenas ações humanas, muitas vezes dura, opaca, conflitante, e também, muito divertida. Um conto ou outro às vezes parece uma crônica concreta de pessoas que se cruzam diariamente. Os textos curtos não diminuem o conteúdo da vida impressa como matéria prima aos nossos olhos. Ler os contos do autor é como reviver as próprias histórias, mas sob um prisma peculiar e engrandecedor, que sugere olhar o entorno para melhor compreendê-las.
 

ENTREVISTANDO MARCOS EDUARDO NEVES


Um papo com Marcos Eduardo Neves, escritor de “Nunca houve um homem como Heleno”

Marcos Eduardo Neves, jornalista carioca e escritor, passou por importantes redações cariocas, como as do Jornal do Brasil e Jornal dos Sports e editou 15 revistas e uma enciclopédia esportiva para o jornal LANCE!. Curador do Museu Flamengo, foi consultor e colaborador de roteiro do filme “Heleno”, de José Henrique Fonseca.
Ele foi mais uma amizade que se iniciou no Congresso Brasileiro de Escritores, em novembro do ano passado. Posso dizer que Marcos, com seu livro Heleno, conseguiu me fazer mudar de ideia sobre dois assuntos: futebol e biografias. A história de Heleno me prendeu até o fim, pois além de me apresentar o personagem, me colocou dentro do clima da época, me posicionou quanto a fatos históricos que corriam paralelos à história principal, tornando o livro muito mais do que a história de um jogador de futebol. Posso garantir, nunca houve mesmo um homem como Heleno!
Vamos então a entrevista que fiz com Marcos, aproveitando o nosso período de Bienal em Sampa!

Paulo Emilio, Marcos Eduardo Neves e Ana Claudia Marques
Marcos, você já tem quatro livros publicados: “Anjo ou Demônio: a polêmica trajetória de Renato Gaúcho”, “O maquinista: Francisco Horta e sua inesquecível máquina tricolor”, “Vendedor de Sonhos: a vida e a obra de Roberto Medina.” Lançou, este ano “Nunca houve um homem como Heleno”. Posso perguntar, por que a preferência por biografias? Isto tem relação com tua profissão de jornalista?
Além destes quatro, tenho mais um, chamado “Servenco sobrenome Steinberg”, que narra a carreira empresarial de dois empresários que levantaram uma construtora carioca que fez história entre os anos 40 e 2000. Minha predileção por biografias tem menos a ver com minha profissão de jornalista e mais pelo fato de eu gostar de gente e fatos. Meus livros trazem histórias interessantes com pitadas de História propriamente dita. Adoro trabalhar assim.
Tenho acompanhado você desde que nos conhecemos no Congresso, e você tem sido bastante reconhecido, premiado e homenageado com teu trabalho literário, que não se limita a biografias… Nos conte um pouco sobre quando descobriu sua vocação, e como você começou a escrever.
Não sou eu quem tem sido homenageado ou premiado. São minhas obras. O bom do escritor é que ele morre, como qualquer ser humano, mas suas obras ficam. Vai ver em que ano morreu o Miguel de Cervantes. Mas o Dom Quixote permanece.
Quanto a me descobrir como “operário das palavras”, isto, que eu lembre, vem da sétima série do primeiro grau (hoje, oitavo ano). Sempre sofria para passar de ano em várias matérias, menos em português e redação. Depois, cursei por um tempo Psicologia, mas sonhando escrever sobre comportamento humano num jornal carioca. Em seguida, aos 23 anos, ganhei a biografia do Nelson Rodrigues escrita pelo Ruy Castro, e ela mudou minha vida. Decidi que era aquilo que eu queria passar a fazer. E assim foi. Aos 27 anos, ainda estagiário de Jornalismo, lancei um livro de mais de 400 páginas que teve bom reconhecimento no meio esportivo, a biografia do Renato.
Marcos, quando te conheci no Congresso, você estava no processo de lançamento do livro “Nunca Houve um Homem Como Heleno”, e nos contou do encadeamento do lançamento do livro e do filme.  Qual a diferença entre esse último lançamento e o dos outros livros, em termos de facilidades e dificuldades de divulgação?
Lançar o primeiro livro é sempre mais difícil. Você não tem currículo como escritor, nenhuma editora se interessa, é preciso muita persistência. Agradeço muito à editora Gryphus por ter me lançado em 2002, com a biografia do Renato Gaúcho. O livro não obteve sucesso de vendas, mas teve reconhecimento de público. Assim, o Roberto Medina, mentor do Rock in Rio, investiu em mim. Escrevi a biografia dele em quatro meses, para lançarmos em Portugal, num Rock in Rio Lisboa.

Ana Lúcia Neves e Marcos Eduardo Neves
Em seguida, o Francisco Horta me contratou para escrever sobre ele. Em paralelo, descobri uma história fascinante e a investiguei. Daí saiu a biografia do Heleno de Freitas, meu maior sucesso comercial. Lancei o livro em 2006 e as vendas foram muito boas. A história é sensacional. Muita gente se apaixonou pelo livro – e duas pessoas, em especial, correram atrás e fizeram um filme sobre o personagem: o José Henrique Fonseca e o Rodrigo Santoro. Quando acontece de vir um filme por trás, a visibilidade aumenta de forma considerável. Assim, pegando carona na cauda do cometa, “Nunca houve um homem como Heleno” foi relançado pela Zahar, e os resultados estão simplesmente esplêndidos.
Agora, me fale sobre esta tua paixão sobre futebol e quando você decidiu fazer dela o assunto principal de teus livros.
Sempre gostei de futebol, desde criança. Aos 12 anos de idade, fui gandula do Flamengo, na época do Zico. Aos 15, já tinha o sonho de escrever a biografia do Renato Gaúcho, que era o meu ídolo. Isso só veio a se concretizar quando amadureci. Decidido a ser escritor, peguei autorização dele para mergulhar em sua história. Faz 10 anos que lancei este livro. Depois, fiz um sobre a Máquina Tricolor porque sempre tive curiosidade em relação ao que acontecia no Rio de Janeiro na época em que nasci, 1975. O livro do Heleno foi uma sugestão do Luiz Mendes, jornalista contemporâneo ao “craque-galã”. Santa sugestão, por sinal. Sempre me disseram que futebol e livro não dão dinheiro. Pode realmente não me tornar um milionário, mas tenho enorme prazer em trabalhar com essa dupla.
Tem algum novo projeto literário em andamento? Pode contar para nós?
Venho finalizando um livro sobre os 20 maiores jogos do Flamengo, que vai sair pela Maquinária. Há também a biografia do Evandro Teixeira, aquele fotógrafo de nível internacional que fez carreira no grande Jornal do Brasil e registrou as principais imagens da ditadura militar. Esse sairá pela Casa da Palavra.
Estou escrevendo o livro infantil “O Pequeno Grande Escritor” e revisando um thriller chamado “Encruzilhadas – Um Anticristo no Rio de Janeiro”. Espero que estes dois saiam pela Zahar. Além disso, faço outros livros por encomenda. Afinal, todo mundo tem um parente ou alguém com uma história interessante, e pode fazer um livro biográfico para os amigos e parentes, para um público menor. Estes eu faço pela minha própria editora, a Rotativa (www.rotativa.art.br).
Por fim, você gostaria de falar algo para os leitores da Central 42?
Digo sempre para todos aqueles que sonham um dia publicar um livro. Não desistam! Muita gente vai dizer que é loucura, que você está perdendo tempo, mas, lembre-se, eles que estão. O livro fica, as pessoas vão. Corra atrás do seu sonho. Livro é como filho. Você fica louco se alguém fala mal dele, você se delicia quando o elogiam, você o pega com carinho, o acaricia, coloca na prateleira e todo dia olha para ele, para ver se está bem. Quando ele não chega da gráfica, é pior que véspera de parto, tamanha a ansiedade. E quando ele surge na sua mão, literalmente nasceu – você não quer mais se desfazer dele. Não o empresta quando não tem outros próximos, num misto de ciúme e posse. Enfim, livro é um barato. Mas sai caro transformar sonho em realidade. Pouca inspiração, muita transpiração. Em todos os sentidos. Um forte abraço a todos.


 

ENTREVISTANDO JORDEMO ZANELLI


Um papo com Jordemo Zaneli, escritor de “A Garota Rockstar”

Nascido em 1964, Jordemo Zaneli, é advogado, pós-graduado em Direito Empresarial e em Marketing e Propaganda, com grande experiência em Administração Pública, onde assessorou diversos órgãos públicos por 20 anos. Publicou dois livros: “Sun Tzu – A arte da guerra e a dialética” e “A Garota Rockstar”.
Leiam o bate-papo que tive com ele sobre ser escritor, seus livros, literatura no Brasil, etc.

Ana Claudia Marques e Jordemo Zaneli
Jordemo, eu gostaria de saber como e quando você se “descobriu” escritor?
Desde criança, tive uma professora, Dona Vilma, que passava redação pra gente, e, que sempre me incentivou a escrever. Ela dizia: “…esse menino vai virar escritor…”. Mas minha trajetória é longa, aprendi muito no movimento estudantil, fazíamos panfletos, jornais e tabloides nas entidades por onde passei com meus companheiros nos: grêmios, diretórios acadêmicos. Fui diretor da UEE-SP, em 1984-85, colaborei no mesmo período com o extinto jornal A Comarca de Araçatuba e com o Estadão. Escrevi por muito tempo uma coluna no jornal da minha cidade, Buritama, também chamado A Comarca.
Quais são as suas influências na literatura?
Os clássicos nacionais são ótimos eu adoro, Machado de Assis, Jorge Amado. Mas uma obra em especial guardo com muito carinho: O senhor embaixador do Érico Veríssimo, um livro que me impressionou pela visão globalizada do narrador numa época de muita nostalgia.
Seu mais recente livro, “A Garota Rockstar”, é um livro de ação, com uma trama atual e interessante, global, envolvendo sequestro, terrorismo, e muito mais, que não vou contar aqui para não estragar a surpresa. Como surgiu a ideia de escrever este romance?
Sou advogado e adoro minha profissão, sinto prazer no que faço, adoro conversar com meus clientes, conhecer a fundo seus problemas e descobrir a solução para eles, com isto adquiri uma capacidade muito grande de lidar com conflitos, a partir de uma visão muito particular de cada engrenagem desta fantástica máquina que é o mundo.
Sempre quis manifestar minha opinião sobre estes temas, resolvi então criar uma história repleta de ação, suspense, romantismo e através dos personagens poder opinar e chamar o leitor para uma reflexão sobre temas relevantes do nosso cotidiano.
Minha grande inspiração foi minha filha que vive nos Estados Unidos a 11 anos, casada com uma pessoa maravilhosa nascido na Grécia, genitores da minha netinha, uma garota esperta e sonhadora. O contato com estes países e culturas me inspirou nesta obra.
A literatura brasileira não tem tradição em romances de ação, tão comum no exterior. O que fez você escrever este gênero de literatura?
Talvez tenha sido esta ausência que me levou a inovar, mas tenho na obra citada: O Senhor embaixador, boa parte desta inspiração.
Qual o diferencial da obra? O que o livro traz de novo? O que você pode destacar na obra?
Minha abordagem sobre temas atuais e importantes como: drogas, família, violência e até mesmo relações diplomáticas internacionais é diferente, tenho uma opinião severa a respeito deste e de outros temas importantíssimos que destaco sucintamente entre uma trama e outra, entre uma aventura e um suspense, eventos criados para tornar estas discussões animadas e atrativas. É uma reflexão prazerosa, deliciosa, como se estivéssemos nos divertindo na imensidão do tempo e do espaço.
Mas o que diferencia mesmo este meu trabalho é o alerta que faço sobre uma certa confusão que as pessoas fazem sobre sentimentos. Elas estão presas a um perigoso jogo de “faz de conta”, que acabam invertendo valores e prioridades. Dizem amar seus filhos, esposas e maridos, quando na realidade estão amando a si mesmas, revelando sentimentos estranhos e confusos, e o pior, não estão percebendo isto, acabando por transferir este erro para seus legatários e sucessores. Faço este alerta, para um resgate sensorial necessário, através de um contínuo exercício de práticas e aproximações entre as pessoas, para que não chegue o dia onde vamos nos esquecer como é amar uns aos outros.
Agora, vamos falar um pouco sobre um tema que ouvimos muito no Congresso Brasileiro de Escritores, no ano passado, o livro virtual. Sabemos que há os que se amedrontam com o e-book. Qual é a tua opinião a respeito? Você acha que ele fará com que o nosso livro de papel se torne obsoleto?
Pelo contrário, vejo que o e-book vai levar nossas obras para os lares brasileiros com maior rapidez e dinamismo, despertando a leitura em muito mais pessoas que estão cada vez mais conectados, e acredito que muita gente ainda prefere o livro de papel. Há gosto pra tudo neste mundo.
Você tem algum projeto literário novo?
Sim, a continuação da saga da Garota Rockstar, tem muita coisa ainda pra dizer sobre o universo da nossa heroína e sua família de guerreiros.
Por último, gostaria de dizer algo aos leitores da Central 42?
Leiam, leiam tudo, além de agradável, a leitura ampliará sua visão. É como você acender uma luz no quarto escuro, você encontra o que precisa e também vê as teias de aranha e os cantos sujos e empoeirados. Não posso deixar de dizer que o importante mesmo é definir exatamente o que você quer da vida, ninguém terá prazer fazendo o que não gosta, por mais que seja bem remunerado.

A Garota Rockstar

Clique aqui para comprar
Autor: Jordemo Zaneli Junior
Gênero: Romance/ficção/aventura
Editora: Somos – Araçatuba -SP
Um romance eletrizante iniciado com o desaparecimento de uma criança de seis anos em um tumultuado evento terrorista em Atenas… Aflição dos familiares no Brasil e nos Estados Unidos. A influência de culturas diferentes, lugares pitorescos, regiões desoladas e sombrias, aventuras e lições de vida são elementos que impulsionam e formam a atmosfera de “A Garota Rockstar”.
O autor oferece nas entrelinhas e em notas de referência fatos e dados que contextualizam o enredo, numa ousada, mas perspicaz, estruturação textual, criada para situar os leitores no passeio por épocas e locais diferenciados.
A cadência da narrativa atrai pela busca do desfecho e também por estimular discussões e reflexões da atualidade. Uma proposta de entretenimento incrementada por uma oportunidade de ampliação da visão de mundo.
 

ENTREVISTANDO MENALTON BRAFF NA CENTRAL 42


Conhecendo Menalton Braff

Durante o Congresso Nacional de Escritores, em novembro de 2011, tive a satisfação de ser apresentada a Menalton Braff, por um amigo comum, Deonísio da Silva. Os dois são nascidos no sul do país, mas a vida levou, a ambos, para outros destinos. Deonísio há muito reside no Rio de Janeiro, e Menalton Braff hoje reside em Ribeirão Preto, e é responsável por um dos núcleos mais fortes da União Brasileira de Escritores nesta cidade, motivo pela qual foi sede do Congresso. Este ano também foi empossado como segundo vice-presidente da União Brasileira de Escritores.
Fui ao lançamento de seu livro, “Tapetes de Silêncio”, na livraria Martins Fontes da av. Paulista, em março deste ano. Tenho acompanhado e divulgado seus blogs, pois aprendo a cada leitura, e o que é bom deve ser divulgado. Por este motivo, convidei-o para esta entrevista para a Central 42, para que todos possam conhecer este escritor simpático e competente!
Primeiramente, antes de falarmos do teu último livro, você poderia contar aos leitores da Central 42 quando e como você começou a escrever, e quantos livros já têm publicados?
Antes dos dez anos eu cometi alguns poemas. Com rima e métrica, como prescrevia um livro que encontrei na biblioteca do meu pai. Era o Tratado de versificação, de Olavo Bilac e Guimarães Passos. Aprendi a ler com cinco anos de idade por puro fascínio, pois ninguém perdeu tempo me ensinando. Aprendi vendo meu pai ensinando uma irmã mais velha. Li O Guarani em HQ, logo depois e me apaixonei pela história. Lia muito, desde criança, e em geral prosa, mas na hora de escrever descobri aquele livro que me parecia um abre-te sésamoHavia muitos mistérios lá dentro, e tratei de descobri-los.
Hoje estou com dezoito títulos publicados.
 
Pode me matar uma curiosidade? Por que você usou pseudônimo no início de tua carreira literária, e porque depois assumiu teu verdadeiro nome?
Quando publiquei meus dois primeiros livros, a “anistia total e irrestrita” era muito recente. Não senti coragem de usar meu nome verdadeiro. Uma razão. Outra: só fui ler o Viana Moog depois de adulto, pois pensava que era escritor estrangeiro. E veja só: era meu vizinho de cidade. Era uma fase de nacionalismo exacerbado e não quis usar um nome com gosto de chucrute. Adotei um pseudônimo com jeito de feijoada. Por fim, não havia mais razão para temer a exposição de meu nome e o editor usou mil argumentos para que eu usasse meu nome. Convenceu-me.
 
Em 2000, você ganhou um prêmio Jabuti de literatura. O que mudou de lá para cá?
Passei de um escritor familiar que atingia pequeno grupo de amigos, para um escritor que atinge além do que a vista alcança. Eu conhecia cada um de meus leitores, hoje não conheço mais.
 
Agora, vamos ao teu livro recém-lançado, Tapete de Silêncio. Teus personagens são reais, palpáveis até. As cenas fazem com que entremos, participemos delas. Como foi o processo de criação desta história e dos personagens?
Misturei observação com imaginação. Passei mais de dez anos pensando nesta história. O tempo foi acrescentando detalhes, personagens, situações, que eu, eventualmente anotava. Até o dia que não havia mais o que anotar: era preciso transformar aquilo tudo em discurso.
 
Assisti tua oficina de contos, no Congresso Brasileiro de Escritores, em novembro passado, e quando li Tapete de Silêncio, me remeti à estrutura do conto que você esmiuçou. Você usou desta estrutura para a construção do livro?
Sabe, o Percy Lubock, um teórico norte-americano, defende o equilíbrio entre cenas e panoramas (ou resumo narrativo). Eu não consigo esse equilíbrio. Estou quase sempre mais perto da cena. É o modo como vou tecendo a trama. Então, aquilo que considero fundamental no conto, sem querer transfiro para o romance. Até me esforço para ser mais panorâmico, quando vejo, contudo, estou pensando em forma de cena. Acho que é uma questão de estilo.
 
Agora, você pode falar um pouco da trama do livro, para os leitores matarem a curiosidade?
Não posso falar muito porque o segredo ainda é a alma do negócio. O que posso dizer (sem estragar a surpresa do final) é que dez homens, uns depois dos outros, se encontram no coreto de uma praça em noite de chuva. Por um dito agora, outro depois, percebe-se que estão destinados a praticar um ato hediondo, apesar de serem todos eles pessoas das mais respeitáveis da pequena cidade. A essa cena contínua, que vai do início ao fim do romance, dei o nome de capítulos. Não há solução de continuidade. Mas os capítulos vão-se alternando com acontecimentos do passado, que denominei de coro. Os dois planos narrativos (passado e presente) seguem paralelos, mas acabam se encontrando, e aquilo que parecia sem sentido, ou obscuro, ganha clareza com a junção final dos dois planos. Em resumo: o malabarista de um circo seduz (ou é seduzido) a filha menor do homem mais poderoso da cidade. O que eles tramam, tudo que acontece, isso me recuso a revelar.
 
Eu também li o teu Bolero de Ravel, que possui uma estrutura psicológica mais densa. A tensão psicológica entre os irmãos vai sendo delineada pelo olhar de Adriano, sua interpretação do mundo. E como a música, o tema simples vai ganhando complexidade. Como surgiu esta trama, de onde veio a inspiração?
Isso é coisa que ninguém, jamais, vai poder te responder. Pelo menos com honestidade. A gente nunca sabe de onde vêm os temas. Uma esquina, o riso de uma criança, o sol batendo num barranco, trechos de histórias ouvidas por aí, situações vividas. Ultimamente eu vinha observando que os adolescentes vinham aumentando muito. Com trinta, trinta e cinco anos o rapaz não se decide a sair de casa da mamãe. É um fenômeno mundial. Isso me incomodou até o dia em que resolvi escrever o Bolero de Ravel 
 
Você também é contista, além de romancista. Qual dos gêneros te agrada mais?
Eu me sinto um romancista que eventualmente escreve contos. Gosto do espaço do romance, me sinto bem convivendo meses e até anos com personagens e situações de um romance.
 
Conte-me um pouco do teu lado de autor para o público infantil.
Como ganhei a vida trabalhando entre adolescentes, houve um momento em que me pareceu muito lógico escrever também para eles. Não é fácil. Tem-se de tomar alguns cuidados com a linguagem, com alguns valores éticos. Quando escrevo literatura geral, não penso em destinatário. Escrevo pra mim. Literatura infantil e juvenil, contudo, exigem que se pense em quem vai ler. O público alvo são seres em formação, e a responsabilidade do autor é outra. Meus desencantos, minhas amarguras, isso tudo não pode passar para um ser em formação.  Se ele chegar às minhas conclusões a respeito do mundo, não terá sido por meu intermédio.
 
Tua inserção nas redes sociais para divulgação do teu trabalho se deu quando, e o que mudou depois de ter usado este canal de comunicação?
Um pouco antes do lançamento do Tapete de silêncio, pensando em como ajudar a editora a divulgar o livro, foi-me sugerido o trabalho de profissionais do ramo, que sabem o que fazer e como para tornar o livro um pouco mais conhecido.
Bem, o que mudou foi que este, muito mais rapidamente do que os outros, teve certa repercussão.
 
Tem algo aqui que eu não te perguntei, mas que você gostaria de falar a respeito?
Há uma confusão muito grande entre o que é e o que não é literatura. O Brasil tem muito poucos leitores de literatura. As livrarias, em sua maior parte, não expõe literatura na vitrine ou nas mesas das lojas. E por uma razão simples: as pessoas não procuram literatura. O Ernesto Sábato, numa entrevista, afirmou que o best seller está para a literatura assim como a prostituição está para o amor.
 
 
Agradecemos ao Menalton Braff, um gentleman, por nos conceder esta maravilhosa entrevista.
Para quem quiser ler e conhecer Menalton Braff, o link para seu blog é: http://blogdomenalton.blogspot.com.
Para comprar seus livros, Tapete de Silêncio e Bolero de Ravel, clique nas figuras que aparecem no texto acima.
Boa leitura!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ESPERA


   Se o coração alguma coisa pedisse, seria a tua constante presença. Tua luz acesa em mim, meu bálsamo mais precioso, guardado em vidro de cristal. Minhas asas para voar longe, meus olhos de tudo ver, minha pele de tatear o mundo. Sei que tudo é efêmero, mas posso sonhar com a eternidade. Posso saber de ti sempre somente ao fechar os olhos. O tempo não é nada, a distância nada me diz, a não ser do fato que há acontecimentos que não dependem destas variáveis.
   Se minhas cãs não fossem brancas, meu corpo alquebrado, bailaria como camponesa na festa do deus sol; guirlandas de flores enfeitariam meus cabelos longos, minhas faces deitariam sorrisos somente para ti. Mas, ai, sinto o peso desta carne que me leva ainda aonde quero, e peço para que esta moça se contente em bailar em espírito, quando te encontrará plena de amor e riso.
   E tu, que não voltaste com teu barco, por quantas luas, tantas, tantas... prefiro te imaginar navegando longe de mim. Porque o tempo e a distância não me tiram a esperança, mas a senhora Morte, esta, embaça meus olhos, sequestra tua matéria para seu seio de quietude, e ainda não estou pronta para esta viagem. Ferida em aberto, esta tua ausência. Mas ferida doce, enquanto te imaginar vivo, pronto para chegar em teu barco, descer no velho porto e se aninhar na espera dos meus braços. 

ENTREVISTA PARA A REVISTA LITERÁRIA PALAVRA FIANDEIRA

Dei uma entrevista ao meu amigo e escritor Marciano Vasques, em sua publicação semanal, Palavra Fiandeira. Marciano é criador de dois personagens especiais, Rospo e Sapabela, escritor de livros infantis maravilhoso, poeta, contista, além de uma alma sensível. Foi um prazer responder a esta entrevista, que vocês podem ler na íntegra aqui.

Para acessar a revista Palavra Fiandeira e ter acesso a entrevistas com outros autores e artistas, aqui vai o link:
http://palavrafiandeira.blogspot.com.br/?spref=fb


PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA

Publicação digital de Literatura e Artes

ANO 4 —Nº94 — 1º DEZEMBRO  2012
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

NESTA EDIÇÃO:

ANA CLAUDIA MARQUES
_____________________________________

1.Quem é Ana Claudia Marques?

Sou uma paulista, aquariana, de quarenta e dois anos, esposa, mãe de dois filhos, que não perdeu a capacidade de sonhar. Fui uma menina irrequieta, que falava alto, e se tornou quieta e amiga dos livros com a mudança de casa e escola. Em adolescente a inquietude reapareceu, quando comecei a cantar e fazer teatro, conviver com gente muito especial e querida. Tive a sorte de poder sair de casa para fazer faculdade em S. Carlos, na Universidade Federal de lá, e foi onde cresci muito, aprendi a “ser gente”, ter responsabilidade sobre mim mesma. Recém formada em Terapia Ocupacional, casei com um filho de japoneses, e vivi três anos e meio no Japão, como missionária num meio religioso. Voltei de lá em 1996, com um bagagem cultural muito diferente da que tinha. De lá para cá a única coisa que não mudou, desde os nove anos de idade, é que eu sempre, sempre, escrevi muito. Tenho o hábito de levar um caderno para escrever a qualquer lugar que eu vá.


2.Trabalha como terapeuta e afirma ser feliz, poderia nos falar sobreisso?

Sempre bem acompanhada
©
Me formei em Terapia Ocupacional há vinte anos. Com a viagem ao Japão, estagiei por lá, pois aprendi japonês fluentemente. Voltando ao Brasil, achei que trabalharia na área, mas a vinda de minha primeira filha, me fez optar por trabalhar como autônoma, para poder cuidar dela, ser realmente mãe. Enveredei para os tratamentos holísticos; fiz diversos cursos de massagem terapêutica, Florais de Bach, Reiki, Acupuntura,e percebia que podia tratar as pessoas como um todo. Não tratava só a dor do corpo, chegava nas delicadezas da alma. Eu nunca tive o preconizado distanciamento terapêutico. Acho que me tornei amiga de todos os meus pacientes, e percebo que os ajudei a reencontrarem caminhos, verdades, querências. Também há outro fator: eu adoro ouvir as histórias das pessoas, é para mim um tremendo aprendizado. Eu costumo dizer que tenho alma de artista, e fiz da minha profissão de terapeuta uma outra arte. Por isso sou feliz.


3.Lançou recentemente um livro, conte, por gentileza, aos leitores daFiandeira sobre ele.

Sim, meu primeiro livro de poesia, “O Poente, o Poético e o Perdido”, foi lançado em agosto, na Bienal Internacional de SP. Quando tive aulas com Deonísio da Silva, na UFSCar, em meados de 1990, ele viu meus escritos e me incentivou a publicá-los. Foi a primeira vez que reuni minhas poesias com este intuito. Mas ainda não era a hora de estrear. Casei assim que me formei, e esqueci de meu sonho, envolvida com a família e o trabalho. Não me recordei até adoecer, há seis anos. Tive uma doença auto-imune, e a recomendação da terapeuta foi: “faça o que gosta, ou morrerá em dois anos.” Resgatei meus escritos (entre outras coisas), e encontrei uma antiga carta do Deonísio, junto com vários xerox das colunas de “Caras” que ele escrevia, onde ele dizia para minha irmã que havia tentado uma vez me contatar para me apresentar ao seu editor, na época, mas que não dera certo. E a frase que me chamou a atenção foi: “de todo modo, conhecendo a Ana Claudia, acho que o livro já não é o mesmo. Como boa escritora que é, ela vive reescrevendo o que faz. Sempre é tempo, porém, de fazer nascer um livro. Um dia, tenho certeza, se ela quiser, estreará.”
Era o incentivo que faltava. Procurei o Deonísio através da internet, e lhe escrevi um e-mail. Ele me respondeu de pronto, e voltou a me incentivar. No ano passado ele me falou do Congresso Brasileiro de Escritores, e eu realmente me decidi a ir, para descobrir como se publicava um livro. Voltei do Congresso cheia de idéias, contatos de novos amigos, e mais determinação. 

Em março deste ano fui chamada pela editora Biblioteca 24 horas, que se interessara por meu livro, fechei contrato com eles, e com a ajuda inestimável de vários amigos, consegui lançar meu livro.
Eu apresento minhas poesias exatamente na ordem em que as resgatei, de 2004 para trás, chegando até a alguns poemas da adolescência. Há poemas sobre o Japão, filhos, espiritualidade, amor, perda, vida, enfim. A apresentação visual do livro também está linda, com as ilustrações de Yuri Rodrigues de Oliveira.



Com Sada Ali

Com Mara Senna
4.Tem algum projeto em vista ou em andamento? Um novo livro?

Tenho sim. Na verdade, projetos. Um livro de contos, compilando alguns já apresentados no meu blog www.pontocontos.blogspot.com.bre outros inéditos; um pequeno romance, que precisa de bons retoques; e várias outras histórias, já iniciadas. Também estou participando de duas antologias, que sairão em breve.

5.Além da terapia ocupacional, gosta de artes: pintura, música... Falesobre isso, sobre a Arte em nossos dias, sobre a necessidade da Arte,enfim...

Arte faz parte da minha vida. Com a música tenho uma relação tão boa quanto com a poesia, pois componho bastante. Toco piano, violão, até instrumentos japoneses... sou professora de canto também. Acho que a música é a expressão mais pura da alma do ser humano. Se você não souber escrever, você ainda pode cantar! Quanto a pintura, eu desenho também desde menina. Sou autodidata. Parei por muitos anos de desenhar, e também estou resgatando este meu lado agora.
©
Os desenhos desta edição são de autoria de Ana Claudia Marques
Acho que a arte é realmente necessária como expressão do espírito humano. Pintura, música, literatura, teatro, são diversas linguagens que precisam ser exploradas e disponibilizadas. Não direi só para os jovens, mas para todos nós. Arte é como comida: se você estiver acostumado a comer comida ruim, não saberá qual o gosto de comida boa. Arte deve ser vista e vivenciada. Enriquece a vida, dá sentido a ela. Atualmente temos internet, canais de TV dos mais diversos, um mundo de informações, que nos facilitam este acesso. Estes mesmos meios, porém, propagam conteúdo de baixa qualidade. Só quem tem vivência pode escolher, caso contrário, há o “consumo” sem consciência de tudo o que a mídia propaga. Para mim, a arte é necessária para o corpo também, porque a nossa expressão final é neste corpo, onde chegam as vibrações dos sons, as cores na retina, as diferentes texturas no tato... Isto é o que enriquece a vida.

BIENAL
©
6.Você é amiga do Rospo e da Sapabela, pois adora uma conversapura... Nos conhecemos nos corredores da Bienal, e senti o quanto temde conteúdo e histórias...Como se situa numa época de possibilidadesde comunicação assombrosa e tanta mudez no diálogo, de forma geral?

Sim, sou amiga deste casal pensante, e eu adoro uma boa conversa. Gosto de enveredar por assuntos profundos, existenciais, mas não gosto de usar termos difíceis, mesmo em meus escritos. Gosto de facilitar o acesso das pessoas ás idéias, e não dificultar o acesso através de um vocabulário rebuscado. Muitas vezes vou buscar em histórias infantis, ou em piadas, um paralelo com algo que aprendi, ou que quero passar a alguém. Acho que a mudez no diálogo é um mito. A nossa forma de nos comunicarmos se ampliou, pois do velho telefone surgiram celulares, chamadas com vídeo; das nossas cartas de papel originaram-se as cartas eletrônicas (e-mails). Mas vejo ao meu redor, jovens, como minha filha, ou pessoas da minha idade, ou da idade de meus pais, todos, sem exceção,se reunindo com amigos, passando boas e agradáveis horas no exercício de trocar ideias e experiências. Eu não tenho medo das máquinas; eu me sinto próxima das pessoas, mesmo conversando através de um “quadradinho” no facebook. Aliás, você é um amigo que conheci por lá, e fiz questão de conhecer pessoalmente! Como em qualquer relação que pode começar com um bom dia, dependerá do interesse de cada um o florescer de uma relação amiga ou o término naquele bom dia.



Brotar da amizade entre livros

7.Como  a proliferação de poetas que a internet propicia, se bem, quenaturalmente, é uma reedição do Movimento Literário Alternativo, agoranum alcance impressionante. Mas, fale-nos sobre isso, sobre essasconstelações de Poetas...

Veja, a internet facilita o nosso acesso a muito material, bom e ruim. Como eu disse antes, se você tem uma “dieta” cultural de qualidade, vai se afinizar com quem tem qualidade; se sua dieta é mais simples, vai buscar o que é mais simples. Eu tenho conhecido muita gente boa, do Brasil todo, graças às redes sociais. Jovens despontando, poetas mais maduros, com uma belíssima produção independente. Acho que temos uma mente muito cristalizada. Rendemos louvores aos clássicos, aos mortos, e esquecemos de olhar para os que estão vivos e produzindo belas obras, belos textos. Não que devamos dar as costas aos clássicos, Deus me livre! Mas devemos dar chance para os que estão chegando. O tempo acaba separando o que é bom do que é ruim, o efêmero do eterno. E aí, bem, torna-se clássico, não é?
Desta turma nova de poetas, gosto dos poemas de Mara Senna, Alfredo Rosseti, Mario Massari, Elisa Alderani, Eliane Ratier (que está devendo um livro ao mundo!). E através do facebook, conheci poetas já mais conhecidos, maravilhosos, como José Inácio Vieira de Mello, da Bahia, Rita Santana, também de lá; Benny Franklin, do Pará... em suma, estou descobrindo os “vivos”, porque os mortos eu li na escola.

8 Você, que poema de sua autoria, deixaria aqui, entre tantos quecertamente aprecia...

Eu gosto muito deste poema, que está no meu blog.

Sinta-se abençoado por mim,
Que te lavo os pés e os seco em linho,
Que te preparo o pouso do espírito
Com todo o carinho.
Minha emoção transborda
Nesta taça rubra de cor;
Esta emoção me inunda,
Como se não coubesse em mim
Nem houvesse aonde a por...

Sinta-se abençoado por mim,
Irmão de todas as eras,
Caminhantes unidos,  somos,
Em vidas paralelas.
Teu andar seguro me guia;
Tuas pegadas a frente marcadas
Me dão o norte, me dão meu eixo.
E sinto, buscando tuas mãos
Envolvendo as minhas,
A alma em alegria.

Sinta-se abençoado por mim,
Senhor das terras morenas,
Fruto de mil raças e amores,
Entre servos e senhores.
Recolherei teu cansado corpo
E o banharei com mil aromas
Deslizando teu cansaço
Pro calor de meu regaço.

Sinta-se abençoado por mim,
Que sendo tudo
Frente a ti, me desfaço
Em sorrisos, em graça,
Em perdido mormaço.
Pois que a bem-aventurança
Do querer só me é dada
Quando acordo para meus sonhos,
E não quando morro acordada...

9.Como  o excesso do “Politicamente correto” hoje, principalmente emcertos temas, políticos, certas questões, etc...Crê que esteja ocorrendoalgum desvio, em alguns casos? Algum exagero?

Eu vejo excesso no “politicamente correto”, sim. Acho que tudo o que é radical não pode fazer bem, acaba sendo castrador da expressão natural. Sinto, ás vezes, que estou vendo uma “caça às bruxas”. Me afasto um pouco do quadro, e percebo que o excesso de informações a respeito do mesmo tema faz com que se torne mais importante do que realmente é. É como um inflacionamento de idéias... o politicamente correto também extrapola, quando começa com absurdos, como querer regulamentar obras que foram escritas há um século, por exemplo. Veja bem, eu sou, antes de tudo, uma terapeuta, leitora, sem formação na área de letras, mas compreendo que devemos ter a livre expressão dentro de um livro, de um filme, até para poder debater uma realidade retratada. Hoje tudo é hiperbólico: violência, bulling, racismo, inserção social. No mundo real sempre haverão aqueles que dominam, subjugam, infelizmente. Não acho que com superproteção estejamos ajudando alguém a ser melhor. Sem obstáculos as pessoas não crescem. Fui vítima de bulling minha infância inteira, e não morri por isso. O que não mata fortalece. Aprendi a me defender, e a não fazer com os outros o que fizeram comigo. O que significa: ensinem a pescar, não deem o peixe. Em nenhuma situação. E paro por aqui para não criar polêmicas.



10.Tem uma característica que é meio rara, que é divulgar os eventos,os lançamentos de amigos, e tudo o mais,  pelo amor pela arte, epela literatura... E parece tranquilamente trafegar sem grupos, etc...Isso a deixa muito feliz, não é?

Meu caro, quando fui ao Congresso Brasileiro de Escritores, em novembro de 2011, me comprometi com os colegas a divulgar seus trabalhos através do facebook, twitter e blog. Éramos em vários escritores novos, com pouco ou nenhum acesso a grandes livrarias, mídia etc. O compromisso inicial foi de todos, mas obviamente, cada qual age como quer. Eu prefiro manter com minha palavra, mesmo sabendo que muitos que eu divulgo não farão o mesmo por mim. Não me importo. Acho que o mundo é grande, e há lugar ao sol para todo mundo. Continuo divulgando a todos, sem distinção, é o que posso oferecer para ajudar autores e artistas que passam a mesma dificuldade que eu passo para ser minimamente conhecida. Quanto as minhas relações, não havia me dado conta que trafego sem grupos! Mas realmente, não gosto de rótulos, títulos e hierarquias. Converso com muita gente, não me dou conta se é ilustre personalidade ou não. Também não busco saber, pois para mim somos realmente todos iguais, e trato a todos deste modo Obviamente, respeito é bom e todo mundo gosta, e este é de uso comum nas minhas relações. E, com certeza, poder circular por entre toda gente me deixa feliz. Mas isto é característica minha desde pequena. Prefiro ser agregadora.

11.Pergunta meio antiga: o que pensa sobre o tal anunciado fim do livrode papel?

Apesar de todas as “profecias” anunciando o fim do livro de papel (até de minha editora, que já edita em e-book há mais de 10 anos, seguindo o mercado estrangeiro), acho que o livro de papel nunca vai acabar. Obviamente pode diminuir, mas há todo um envolvimento com o sensorial que não vai deixar o livro se tornar obsoleto. O tato, o cheiro, as cores; poder sublinhar as palavras que te chamam a atenção, marcar a página com a frase que mudou tua vida, o poema que te faz sorrir... quando me derem este tipo de sensação através de um i-pad, aí posso dizer: o fim do livro de papel chegou!

12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua PALAVRAFIANDEIRA?

Minha Palavra Fiandeira é sobre algo que acredito, e percebo acontecer na minha vida, a todo momento: a amizade é a teia de luz dourada com que envolvemos as pessoas com quem afinizamos, e neste infinito tear, vamos ligando vidas e acontecimentos. Muito obrigada pela tua amizade e pela oferta generosa deste espaço para que eu deixasse um pouco de mim.








PALAVRA FIANDEIRA
Ano IV
Publicação digital semanal
Literatura e Artes
Edições aos sábados
Edição 94 — 1 DEZEMBRO 2012
Edição ANA CLAUDIA MARQUES

PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques

Blog Palavra Prima, é para lá que eu vou

Quem chega aqui deve perceber que as postagens estão cada vez mais escassas. O motivo real é a criação, há mais de dois anos, de outro blog,...