Diariamente pego meu filho na escola de carro, vindo do
trabalho. Ruas de bairro, antes tranquilas, hoje são tomadas por
congestionamentos cansativos, devido aos novos prédios que a prefeitura aprova,
aumentando o contingente de moradores locais. Dizem que o progresso é
inexorável, e até concordo, mas sempre
acho que ele deveria vir junto com uma boa dose de educação.
Me explico: as pessoas não se respeitam mais. Realmente somos
a geração ‘do próprio umbigo’. Como numa selva, ou num destes ‘reality show’, é
cada um por si, Deus por todos. Por este motivo, hoje eu usei um item
aposentado em meu carro: a buzina. Meu filho até se assustou...
Da primeira vez, ao virar a esquina numa rua de duas mãos,
sempre movimentada por dar acesso a um cruzamento importante. Havia três carros
á minha frente, parados, e na mão contrária, uma senhora com o carro parado em
frente a própria garagem, saindo, aos berros, do veículo. Sem visão nenhuma,
pensei que houvera colisão, quando percebi que estávamos parados ali para que
ela brigasse com o motorista do carro que não lhe deixara sair de casa.
Evidente que o apressado motorista que vinha na minha mão preferira tentar
passar rapidamente, sem esperar meio segundo para que a moradora saísse de sua
casa. Ele estava errado. Mas quando a mulher desceu do carro para bater boca,
parando o tráfego nos dois sentidos, ela perdeu a razão. E então eu buzinei,
acompanhada por uma sinfonia. Eles saíram do meio, e para meu espanto, a rua
estava toda livre. Eles haviam causado todo aquele transtorno devido aos egos
inflados!
Segui em frente, cruzei a avenida e entrei no meu bairro. Logo
nos primeiros quinze metros escutei a buzina do carro a frente. Pais parando em
frente á escolinha dos filhos em mão dupla, numa rua onde mal passam os dois
carros. Fui adiante; virei a esquina, e uma madame em seu carrão brecou no meio
da rua, para comprar frutas de um vendedor ambulante. Parei eu, o carro que
vinha virando atrás – quase batendo em minha traseira - e outro que já virava a rua. A dondoca já
baixava o vidro, para realizar as compras, quando eu usei, de novo, a buzina. Ela
não se mexeu... usei novamente, amparada pelos outros carros. Ela então
encostou o carro, e, ao invés de xingá-la, gritei: respeito com o próximo!!!
E é isto o que falta: respeito com o próximo, delicadeza com
aquele com quem compartilhamos a rua, a calçada, o mercado... pessoas correndo
para passar na frente de outras na fila, mesmo vendo que a pessoa já estavam se
dirigindo para lá, como moleques. Escutei numa palestra de Dulce Magalhães, no
sábado: “como nós somos ridículos!”. Assino embaixo. Somos mesmo. E selvagens. Fommm!!