Acho
que fotografei a menina que andava escondida pelos cantos da casa. Arteira,
rindo de todos os acontecimentos infelizes (travessas caindo, o ovo quebrado no
chão, a resposta impagável de uns e
outros), e em outros momentos
permanecendo absorta, silente, com um sorriso fugidio no rosto. Menina, menina,
o que você quer de mim? Por que não para de me seguir?
E, num
repente, me viro, e a pego, assim, rindo-se de mim... rindo das minhas ilusões,
de minhas crenças, de minha história. Ela me ensina a não levar o mundo a
sério, a não ser que o assunto seja mesmo
sério. Me ensina a acreditar nos pedidos que fiz para as estrelas, no pensamento
positivo, mesmo que o resto da humanidade pense que isto é uma bobagem. Ela me
ensina que fé é um assunto pessoal e intransferível, e do qual eu não devo ter
vergonha.
Ela está
rindo para mim, e agora me oferece sua mão. Me mostra suas velhas bonecas, seus
desenhos, seus versinhos. Mostra o
coração flechado que desenhou, o papel que rasgou com raiva, o vidro com lágrimas
que chorou, e o sol que desenhou para evaporá-las. Esta menina!
Corre rapidamente por minha casa, e, quando a alcanço, eu a
reconheço. Estes olhos, este sorriso... o espelho embaça com meu hálito, meus
cabelos brancos me trazem de volta à este tempo. Mas a menina, ah, a menina não
sai mais de dentro de mim.
Olá Ana, como vai?
ResponderExcluirGostaria de saber qual é a forma mais adequada de entrar em contato e falar-lhe sobre um projeto que estou desenvolvendo, unindo poesia e experimentação sonora. Abraços.
Ps: responda no "Privacidades Públicas".