Começo
este dia como nenhum outro. Nunca vivi este dia, ouvi esta melodia, reparei
naquele pássaro... a falta de juventude no corpo, aquilo a que chamam idade que passa, nos traz, se quisermos, juventude na
alma. Pois quando jovens, somos tão velhos! Cheios de preocupações, despedidas que a nada nos levam! Perdemos o que está a nossa frente, buscando o que ainda
não nos pertence.
O tempo
passa, e vemos a pouca importância disso tudo. Percebo hoje o quanto perdi
tentando ganhar, e quantas vezes ganhei, certa de que perdia. Tive segunda
chance na vida, e a ela me agarrei. Meu espírito é velho, antigo, mas não
acabrunhado. Não apagado. Hoje ele brilha mais do que nos meus vinte anos,
quando namorava com a melancolia. Quando achava que ser triste era a arma do
poeta.
Hoje
bebo mais vinho, canto mais sozinha, danço sem vergonha de ser pesada e grande,
pois sei que o pior é não dançar, não beber, não cantar. O pior e não ter
vontade de viver. O pior, e é clichê, é não estar vivo quando se está
respirando.
E por
isso, somente por isso, meu dia começa leve, gris, como quis o poeta. Mas é
somente pano de fundo para minha alma passarinha, que sempre procura a
liberdade nas manhãs, quando outros pássaros cantam na copa das árvores,
chamando para que se veja que há vida fora das gaiolas que tecemos em nosso
entorno. Minha alma passarinha deseja a todas as outras almas bom dia...
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