Ante
a tua presença, não discuto; não há tempo para falas, papéis, enrroscos tais que
nos percamos em palavras. Tua realidade me traz a vida, ação, momento. Sabes?
Viver sem ti é viver sem ar; é ser acometida de uma sensibilidade a todas as
naturezas, isolar-me do mundo, não poder tocá-lo.
Ante
a tua presença, meus sentidos aguçam; não há espera, não há repouso, não há
meio termo. Sentir e agir tornam-se uma só coisa, um só esforço, sem forças
para dizer não. Deixo lá fora a pudícia, os costumes bem guardados, e só peço
que o sentimento não se perca, perpetue-se em si mesmo, num moto-contínuo.
Há a antítese disso tudo; tua falta, tua ausência
impressionantemente dura, pesada. Pedaço que se foi de mim, sem que eu sequer
concordasse. Minhas ideologias e meus atos nem sempre caminham juntos de
fato... tão independente em tudo, me vejo amarrada ás nossas memórias tantas,
ao nosso comprometimento torto. Quando não te tenho ao alcance, és meu anjo
morto, e o peso de tuas asas me afunda...
De
encontros e desencontros, presenças e ausências, construímos nosso particular
mundo. No abraço, a volta do calor aos corpos. Do despregar-me de ti, o contar
das horas até a próxima respiração, onde teu perfume anunciará minha
ressurreição. E recolherei migalhas do teu afeto, provas de tua existência,
para que não duvide do que somos quando nos temos, na hora do nada, da tua não
presença; ausência seria se não estivesses comigo na lembrança, viste? Então é
não presença mesmo.
E
sigo adiante, qual o dia que vem depois da noite, apreciando o ciclo de ter e
não ter você comigo. Sim, apreciando, pois a ausência é o tempo de avaliar importâncias, querências, atinos e
desatinos. Avaliar lembranças, sonhos, e essa falta de ar que continua me
tomando. Sim, apreciando, pois na tua presença, o que veio antes não importa, o
que virá depois também não.
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