terça-feira, 3 de setembro de 2013

DIA GRIS

         Começo este dia como nenhum outro. Nunca vivi este dia, ouvi esta melodia, reparei naquele pássaro... a falta de juventude no corpo, aquilo a que chamam idade  que passa, nos traz, se quisermos, juventude na alma. Pois quando jovens, somos tão velhos! Cheios de preocupações, despedidas que a nada nos levam! Perdemos o que está a nossa frente, buscando o que ainda não nos pertence.
         O tempo passa, e vemos a pouca importância disso tudo. Percebo hoje o quanto perdi tentando ganhar, e quantas vezes ganhei, certa de que perdia. Tive segunda chance na vida, e a ela me agarrei. Meu espírito é velho, antigo, mas não acabrunhado. Não apagado. Hoje ele brilha mais do que nos meus vinte anos, quando namorava com a melancolia. Quando achava que ser triste era a arma do poeta.
         Hoje bebo mais vinho, canto mais sozinha, danço sem vergonha de ser pesada e grande, pois sei que o pior é não dançar, não beber, não cantar. O pior e não ter vontade de viver. O pior, e é clichê, é não estar vivo quando se está respirando.
         E por isso, somente por isso, meu dia começa leve, gris, como quis o poeta. Mas é somente pano de fundo para minha alma passarinha, que sempre procura a liberdade nas manhãs, quando outros pássaros cantam na copa das árvores, chamando para que se veja que há vida fora das gaiolas que tecemos em nosso entorno. Minha alma passarinha deseja a todas as outras almas bom dia...

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