quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Sádico

Me conte, agora, de toda a dor que sentes.
Sim, da dor que sentes ao me ter longe de ti. Isto, sangre tuas palavras, juras de amor inconteste, enquanto eu me banho neste teu sofrimento, jubilosa por ser a causadora dele. Má? Não, somente feliz por merecer ter o teu pensamento, teu corpo, teu tudo.
Tu estás errado, sabes? Se dar, assim, sem pensar em si mesmo. Mas quem sou eu para te dar conselhos, se sou eu mesma a te furar com a faca... não te queria ver assim, tão anulado, mas já que vens até mim, aprenderás com meu egoísmo sadio, que amor bom é aquele que preserva o vivente. Se te amo? Claro, e como! Mas preciso antes saber o que queres de mim, para que possa fazer a minha entrega. Não como tu, que não sabes onde estás te metendo, e já te dás inteiro, a mim, que de tonta nada tenho. Não.
 Entregar-me-ei quando estiver certa de que nosso amor não me fará parar de verter o rio de poesia, os risos de meus lábios, a alegria suave que meus dias tem. Se meus olhos se nublarem por ti, ai, já vou-me. Sabes agora, não engano a ninguém.

Aprenda: a única entrega completa que farei é para mim mesma. 
Sempre.

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