Cá
estou eu, a espera do teu mormaço. Antes do despertar, das obrigações, o teu
braço me puxando, enlaçando, dando forma para o último sonho da manhã. Nas
brumas permaneço, saboreando o colorido do sonho e o calor do teu corpo.
Segundos, minutos, muitas horas, que me importa? Minha vida não conto nos
relógios ou ampulhetas, conto por momentos preciosos, que me dizem “viva”! e
viva me sinto.
E na
ausência do teu abraço morno, fico eu, inteira. Recordando o espaço em que me
tens, recordando o que de meu que é teu, e do que nunca me desfaço. Eu mesma.
Após tantos sonhos e tanto lutar, não me desfaço de mim, nem por ti nem por
ninguém. Quem sustenta minha alma, a não ser eu mesma?
Ah,
se a vida nos desse chances de refazer a história, como o fazemos no papel...será
mesmo que refaríamos? Teríamos que possuir outras bagagens, outras viagens,
para conhecermos outros caminhos. Esta que sou, com certeza não se emendaria,
faria as mesmas sandices nos mesmos pontos...
Mas
aquela que fui não é a mesma que agora sou. Já tenho, percebo, bagagens
diversas, cantares díspares, novos luzeiros sobre mim. A permanência, se
houver, é no caráter, guerreira que sou, desde tempos imemoriais. Se quero ser
donzela ou leviana, são somente máscaras; o que está lá dentro, escondido, é mais
do que vêem os olhos, é mais do que a carne que tocas, é mais.
E
sinto teu laço em torno de minha cintura. Agora não quero saber de questões
existenciais, essenciais para ser literata, quero mais a tua pele na minha, aí
sim, ciência exata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário