O que é alegria para você? Já parou para se perguntar? Não estou questionando a clássica: para que vim ao mundo? Só quero saber o que te traz alegria. O que te faz sorrir.
Enquanto você pensa, eu vou te contar o que eu acho que é alegria, o que me faz sorrir. Acho que é justo, pois estou te perguntando, e você pode achar isto muito particular...
Bem, para começar, acho que a beleza me faz sorrir. A beleza pode estar em qualquer lugar. Exemplos? Um vaso de flores bem arranjado; um quadro que me convida a entrar nele; um belo poema que faz cócegas em minha alma; uma foto que me faz o coração crescer no peito; um beijo de filme que faz sentir-me beijada; o abraço do meu filho e os bate-papos com minha filha.
Mas há mais coisas que me fazem sorrir: a cumplicidade com meu parceiro de toda vida; uma viela escondida, cheia de flores, casas coloridas e gente sorridente, das cidades do interior. Um final de semana aproveitado do amanhecer ao por do sol, com todas as minhas entranhas, como um momento raro de descanso e união com os meus.
Vou te contar também de uma alegria quase juvenil que experimentei ontem: tomar um café com as amigas. Era um encontro que estava sendo cogitado há algumas semanas; marcamos com uma semana de antecedência, e meus preparativos não foram poucos. Quem iria ficar com o meu pequeno e levar a mais velha no compromisso inadiável que ocorreria na mesma hora do café?
Minha super irmã, também classificada como super tia para a ocasião, aceitou a tarefa de me substituir. Inclusive me mandou ir embora quando eu não sabia como sair de casa, pela total falta de experiência de ter momentos só meus...
Cheguei ao Café no horário, e minhas amigas foram chegando, uma a uma, de vários cantos da cidade, de vários compromissos. Não somos mocinhas, também não somos velhas. Nosso círculo é formado por garotas de 25 a 65 anos, aproximadamente. Temos maleabilidade para aceitarmos pessoas mais jovens ou mais velhas. Só não aceitamos pessoas que não saibam rir da vida ou chorar junto com as outras.
Começamos a conversar enquanto escolhíamos o que iríamos comer: com certeza, nada com menos de 500 calorias para cada uma. Afinal era um momento para ser celebrado, e não posto na balança...e mais um incentivo para recomeçarmos os exercícios na segunda feira.
Estávamos espantadas com a amabilidade dos atendentes, sempre cercando nossa mesa, quando descobrimos que eu pressionava um botão com meu punho cada vez que pegava a chícara de café... gargalhada geral, avacalhação geral. Pedi desculpas sem conseguir parar de rir, e prometi dar tchauzinho, quando errasse novamente...
Falamos sobre tudo: filhos, netos, viagens inadiáveis, rezas certeiras, a melhor pinga, como ajudar amigas das amigas, nossas angústias e nossas conquistas... nos emocionamos, rimos e choramos. Tiramos fotos para registrar o momento, pois este era um momento único.
Voltei para casa com o coração leve, cantando uma música de coral que falava de arco-íris cor de prata... remocei vinte anos, relembrando a minha juventude. Quando cheguei ao meu apartamento, meu periquito veio me receber, cantando na minha orelha, pedindo beijinhos.
Meus filhos ainda não haviam chegado, e fiquei saboreando as lembranças da tarde. Lembrei-me do rosto de minhas colegas, sorrindo, rindo, e identifiquei beleza. Lembrei-me das rugas de umas, do viço de outras, e continuei vendo beleza. Foi quando me dei conta que a beleza de todas vinha da alegria do momento.
Viver o momento como se fosse único é óbvio; como se fosse o último, não é tão óbvio. Mas percebi que todas em volta daquela mesa estavam vivendo aquele momento único como se fosse o último, pois se viesse um tufão no próximo momento, todas iríamos embora nos sentindo amadas umas pelas outras.
Agora é a sua vez. Já compartihei o que é meu. Vamos tomar um café para você me contar o que te faz sorrir?
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