quinta-feira, 1 de maio de 2014

UM JESUS DIFERENTE


A vida, de histórias feita,
Pode ser escrita e reescrita.
Mesmo na história de Jesus,
Fiquei eu aqui pensando,
Será que passados tantos anos,
A escrita é verdadeira?
Monsenhor falou de um tanto
Que ele era homem como nós,
Experimentando a humanidade,
Seria então verdade
Depois ter ressuscitado?
Do período que não foi contado
De sua breve vida,
Teria ele viajado, estudado,
Conhecido mulher ou rapariga?
Como seria este Jesus humanizado?
Terá amado, terá pecado,
Antes de dar-se conta
Da própria iridescência?
Terá sido na Índia educado,
Tornando-se um iogue bem treinado,
Sob a supervisão de seu pai,
José, não carpinteiro,
Mas guardião de grandes mistérios?
Terá sido este o seu segredo?
Terá incitado a turba, com seu modo
Que parecia arrogante, de tudo saber,
Levando a que fosse crucificado
Para mais uma vez desaparecer?
Seria seu pai José, já então dado como morto,
Aquele de Arimatéia,
Agora, na realidade,
abastado guardião,
a lhe proteger a identidade,
após a remoção do corpo
do jovem
dado como morto?
Teria Jesus o controle
Do iogue
Para nada sentir, deixar seu espirito
Ir, e simular a falência de seu corpo,
Dando a José a deixa
Para levá-lo
Como corpo morto,
A fim de reanimá-lo somente?
Teria este homem, sábio e amoroso,
Lhe cuidado das feridas,
Criado a história
Pelas Marias espargida,
A fim de confundir o povo
E continuar o missionamento
Daquele a quem chamavam Jesus?
Quem era Maria, então,
De linhagem tão importante,
Para dela sair o Salvador?
Quantos mistérios este homem trouxe,
Com os seus ensinamentos...
Terá se ido em outro jumento,
Após sanadas as feridas,
(As chagas com que seguiu,
Pelo resto de sua vida)
Pregando conforme os costumes,
Dos lugares onde viveu,
Com nomes tão diferentes,
Ou parecidos com o seu...
Terá sido acompanhado,
Por Arimatéia, seu José mentor,
Que lhe preparou a consciência
Para suportar a dor,
E ser dos povos o Salvador,
Também em terras diferentes?
Quem me pode responder?
Certamente não o Monsenhor,
Pois sua imaginação,
Apesar das cãs embranquecidas,
Não é tão grande quanto sua idade...
E não cometeria a insanidade
De profanar a história
De seu Senhor!
Mas eu, que do mundo,
De histórias e religiões,
Já conheci umas centenas,
Posso ligar fatos e pessoas,
Só com o correr da minha pena!
Não cometo erro nem pecado,
Pois quem sabe mesmo
Do que ocorreu no passado?
Nem mesmo os que escreveram,
Pois muitos anos já haviam se passado,
Quando evangelhos regulares
Contavam com tal veracidade
Das fraldas de Jesus,
Dos anjos que não viram,
E de fatos que não presenciaram.
Pois se eles contaram,
Eu também posso contar,
Pois na arte do invento
Vive o escritor a mourejar...

 * texto escrito e publicado originalmente na Revista Plural - edição digital abril de 2014 que pode ser lida em www.pluralrevista.blogpsot.com 


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