terça-feira, 6 de dezembro de 2011

HERANÇA

E assim pensava eu:
para quem deixarei a minha herança?
para quem, o meu legado?
Pois não vale um centavo furado,
Mas sim a alegria do alforriado?

Para quem deixarei minha fortuna?
Centenas de livros empoeirados,
Que me regeneraram alma e candura,
Mesmo quando imersa em bruma,
Caminhava do inferno lado a lado?

E penso eu:
Quem veramente quererá
esta fortuna que a terra não come,
Mas o homem também não almeja?
Quem adivinhará a graça benfaseja
de brocados de poesia até os pés?

Certamente tal pessoa existe,
pois não me imagino a caminhar sozinha nesta terra.
Para aquele a quem minha herança deixar
lego liberdade d'alma,
pouso para dormir com sonhos,
e coragem para amar...

2 comentários:

  1. De minha avó herdei a toalha verde bordada
    em richilieu,que ela mesmo me ensinou a bordar...
    ponto a ponto,com agulha fininha e paciência de vó.

    De minha mãe,o amor pelas coisas...
    e pela vida.



    Lindo!

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  2. Poesia para uma poesia... Mariana Gouveia, temos que escrever juntas!

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