Cai a chuva
lava o chão
o cimento
o tormento
minhas mãos.
Cai a chuva.
Silente
Também chovo
Mesmo que não haja
Esta conjugação.
Não me movo
Mas em meu dentro
Interiormente escondido
Há um riacho
Se formando
Com a chuva
Que cai
Com a tristeza que sai
Com a vida que vai
De roldão.
Chove lá fora
Como na canção de outrora
E me rasga o peito
Este meu sem jeito;
Minha danação.
Já namorei a morte,
Já me fui com o vento,
Me expus sem medo,
Já sofri degredo...
Mas de tudo
E em todo tempo
Só a chuva me comove
Pois percebo:
Seu fluir de água
Me define,
Pois ainda sou
Clara, calma,
E deixo as marcas
Aonde passo.
E, como chuva
Que no âmago sou
Também afugento
A quem abraço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário