quarta-feira, 11 de abril de 2012


Gostava de chapéus, a danada!

Gostava do romantismo

Dos chapéus,

E da beleza de belos quadros.

Gostava de cadernos enfeitados

E de noites de fantasia!

Melodias doces,

Piano, e licor ao lado...

Mas durante muito tempo

Ela se esquecera disto.

Um dia...

A porta de um armário estourou

E o que estava dentro

Saltou, e se alojou em sua casa.

Ninguém entendia!

Começaram a aparecer

Chapéus pendurados

Junto a belos lenços;

Colares de contas de mil cores

(e pérolas falsas, muito lindas)

Cadernos empilhados,

Livros e livros aonde se olhasse,

Lápis de cor e desenhos,

Piano aberto e notas;

Quadros e tintas.

Delicadezas e riso.

A danada começou a mudar:

Cantava quando queria,

Da vida não se arrependia.

Um dia...

Para espanto de todos,

Num dia de sol

Fez mais do que devia:

Tirou um chapéu da parede

E desfilou com ele

Por todo o bairro.

Ah! Mas ela podia!

Vestida de galhardia

Com seu chapéu sonhado

-e agora lindamente envergado-

Resplandecia,

A luz do dia.

Todos se perguntavam:

“não terá vergonha?”

“será nova moda?”

“mas que metidona!”

E ela se ria.

Gostava de chapéus;

E gosta ainda.

Lembra disto todo dia,

Porque está viva,

E sua alma é linda...

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