Gostava de chapéus, a danada!
Gostava do romantismo
Dos chapéus,
E da beleza de belos quadros.
Gostava de cadernos enfeitados
E de noites de fantasia!
Melodias doces,
Piano, e licor ao lado...
Mas durante muito tempo
Ela se esquecera disto.
Um dia...
A porta de um armário estourou
E o que estava dentro
Saltou, e se alojou em sua casa.
Ninguém entendia!
Começaram a aparecer
Chapéus pendurados
Junto a belos lenços;
Colares de contas de mil cores
(e pérolas falsas, muito lindas)
Cadernos empilhados,
Livros e livros aonde se olhasse,
Lápis de cor e desenhos,
Piano aberto e notas;
Quadros e tintas.
Delicadezas e riso.
A danada começou a mudar:
Cantava quando queria,
Da vida não se arrependia.
Um dia...
Para espanto de todos,
Num dia de sol
Fez mais do que devia:
Tirou um chapéu da parede
E desfilou com ele
Por todo o bairro.
Ah! Mas ela podia!
Vestida de galhardia
Com seu chapéu sonhado
-e agora lindamente envergado-
Resplandecia,
A luz do dia.
Todos se perguntavam:
“não terá vergonha?”
“será nova moda?”
“mas que metidona!”
E ela se ria.
Gostava de chapéus;
E gosta ainda.
Lembra disto todo dia,
Porque está viva,
E sua alma é linda...
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