MONÓLOGO DE AURORA
Eu e
tu, Bibelot. É só o que penso agora. Me apronto para ti, é deste azul que gostas,
não é? O vestido de Copacabana, tu lembras? Sei que gostas.
Te
perguntei se tu me amavas, não respondeste. Eu te incomodo com meu amar. Te incomodo
com meus sonhos de ser tua mulher, papel passado, filhos... não dou para isso
não é? Uma vez puta, sempre puta; ninguém perguntou se eu queria,ouviu bem?
Ninguém perguntou se eu queria...
Mas
hoje eu me caso contigo. Tú de terno branco, com esta flor vermelha no peito,
bem a modo de mostrar tua paixão por mim. Não chore, amor. Eu não queria ser da
vida; no fundo eu só me sacrifiquei pelo bem maior, nossa menina tinha que
entrar de branco na igreja, não de azul, como eu. Ela pura, você de puro branco,
e tudo se perdeu.
Onde
os destinos se torceram? Quando foi que comecei a te esconjurar? Perdão, te
peço perdão. Não chore mais estas lágrimas que me condenaram. Hoje me dou
inteira para ti, meu amor. Serei a tua dama e a tua mulher dama, a única que te
seguirá aonde você for. Me dá cá o punhal, arma branca como era branco o teu
abraço. Eu também vou envergar em meu peito a flor que tens no teu. Agora sou
tua, amor meu.
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