O abraço vem assim, no encontro. Os corpos se amalgamam, os
corpos se reconhecem, se enlaçam em serena fúria, desejo de junto estar. Ela some
no abraço, se aquece e se recolhe no espaço que o amado lhe oferece. A juventude
dos dois explode a olhos vistos; o brilho nos olhos, a vitalidade dos corpos, o
amor saindo pelos poros.
Ele a toma como um bailarino, aproveita de suas magras linhas, e a rodopia,
qual uma boneca, os pés saindo do chão, os cabelos negros voando junto com a
saia do vestido; a brincadeira de
infantes colorindo o momento dos amantes.
Ela ri, riso solto, sublime e sincero, ele afaga seus cabelos, enlevado
com seu mistério.
E o abraço se repete. Ela esconde o rosto no peito acolhedor
do amado; sente seu cheiro de madeira, de sal, de pele; reconhece-se segura,
confia e fica. Em seu abraço sente-se inteira, percebe-se pelo toque do outro,
se esquece se vai ou se fica.
E os percebo, felicidade delicada, exposta na vitrine da
rodoviária, enquanto o ônibus encosta na plataforma, e eles ,de mãos dadas, se
repartem no último abraço, um permanecer por mais um segundo, guardar o cheiro,
o toque, a textura dos cabelos, da barba por fazer, da camisa xadrez de algodão
amaciado pelo tempo, do vestido rubramente delicado que a envolve, do aperto
que lhes dá no estômago, felicidade visceral, que se abre na roda em meio ao
peito. E de adeus se faz o ultimo abraço, mormaço, olhar baço da lágrima que
teima em sair. Amor.
Cara Ana,
ResponderExcluirQuestionei-me sobre esta postagem.Restou isso:
http://privacidadespublicas.blogspot.com.br/2012/08/certeza.html
Quero sua mais sincera opinião...Abraços.
Rafael, eu adoro fazer, e portanto, também ler, poemas que brincam com palavras/idéias, e seguem num "crescendo", como se fala na música, até um final abrupto. Portanto, não se questione sobre tua postagem. Teu poema ´não é "batatinha quando nasce", é para sentir e refletir. Opinião sincera: está de parabéns. Um abração!
Excluirai, Ana, bonito de doer!
ResponderExcluirAmiga, lembrei de uma cena tão bonita, na rodoviária de Sampa, quando ia para a Feira do Livro em RP, e foi saindo, assim... a paixão do casal de estudantes emanava pelos poros dos dois... Obrigada por estar sempre me acompanhando!
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