Há os que enxergam, e há os que vêem. Há os que
escutam, e há os que ouvem. Há os que
bebem, e há os que sorvem. Há os que comem, e há os que saboreiam... É dado a
todos, todos os sentidos, mas a escolha de como os usar sempre é pessoal.
Podemos
encarar a vida de diversas formas. Há olhares e olhares, cantares e cantares.
Há aqueles que olham a vida com adjetivos; são tão exuberantes que não podem
ver uma árvore sem lhe dar uma qualidade que seja. Vêem beleza e alegria em
todo e qualquer canto; são amigos, gostam de estar com os outros e de sorrir
sempre. Pouco filosofam, não guardam mágoas, mas nos ensinam a viver com um
sorriso no rosto e a esperança na mão.
Há
aqueles que encaram a vida como uma luta. Objetivos a serem alcançados, e miram
a árvore como boa madeira para que seja feito o seu próximo instrumento de
conquista. A apreciam, mas pela madeira boa, não pela poesia. Tem o futuro
diante dos olhos, e se cercam de pessoas que, como eles, vêem o mundo como algo a ser conquistado, e os amigos,
como aliados. Estes trabalham com o verbo: fazer, ter, comprar, ganhar, vencer.
Há
aqueles que encaram a vida com nostalgia. A árvore do presente lhes remeterá,
certamente, a árvore sob a qual sentavam em outro momento. São aqueles que
tecem comparações, que criam, que sonham. Vêem o mundo como um lugar a ser
melhorado, se comprazem em ajudar, mas querem ser compreendidos, aceitos mesmo.
Necessitam da palavra de apoio, e em troca, são ombros amigos. Adoram usar um
“todavia, mas, porém”, para enfatizar que até o pior mal tem cura. Sonhadores,
sempre.
Há
aqueles que vivem no presente, e o aceitam como é. Apreciam a beleza, mas não
fazem questão de modificar o que é feio. Simplesmente não olham para aquela
direção. Se olham a árvore, somente a registram como tal. Para eles, ela
existe, ela é. Seus objetivos são alcançados com tranquilidade, pois tem plena
certeza de que eles serão alcançados. Não interferem na vida alheia, também não
querem que interfiram na sua. Suas conquistas são mais espirituais, de
crescimento interior, do que materiais. Mas são extremamente satisfeitos, pois
estão em equilíbrio.
Cada
um vê o mundo de uma forma, lida com pessoas a sua maneira, age conforme uma
crença interna. Podemos olhar o mundo com todos estes olhares, ou com apenas um
deles. Podemos também olhar tudo com negatividade, se assim desejarmos. Podemos
ser irresponsáveis, fúteis, mau-caráter, o que quisermos. Podemos ver uma velha
casa e enxergar ruínas, ou espreitarmos histórias em suas rachaduras ou janelas
velhas e desbotadas. Esta é a riqueza do material humano enlaçado àquilo que
chamamos de vida. E a cada vez que penso nisso, agradeço por enxergar, ouvir,
saborear e sorver...
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