Minha pequena
passarinha,
De olhar
sempre assustado
Com a
liberdade que lhe impusemos,
Sumiu.
Me olhava de
soslaio,
Com “o que foi
desta vez”
Expresso em
seu rápido revoar.
Não sabia ser
livre
Nesta gigante
gaiola
Do meu
apartamento.
Levantada a
porta de sua gaiola
Revoava com
raiva,
Passando em
rasantes
Por sobre
minha cabeça.
Indócil, porém
ainda assim, amada,
Nossa Perséfone
Se foi, assim,
sem lógica explicação.
Não vejo
cadáver
Que denuncie
sua morte;
Não vejo penas
caídas
Que denunciam
seu desepero.
Espero que
tenha ido
Ser mais livre
Do que jamais
foi,
Usando um
mísero raio de inteligência
De sua
passarinhesca consciência,
Ao fugir pelo
ínfimo vão
Da única
janela entreaberta.
O que me
intriga é:
Como terá
passado?
Acho que foi
em pensamento,
Pois era tão
estreito, tão ínfimo
O buraco...
Acho que
passou com a vontade
Inteira, que a
fez menor
Do que já era.
Seus olhos
assustados
Me olhavam,
rancorosos,
Pois lhe tirei
o ninho,
Já que ela e
Melchior
Não cansavam
de fazer
Melchiorzinhos!
Do alto de sua
pequenez
Mostrou sua
revolta:
Jogava o giló
no chão,
Também as
frescas sementes postas,
Meus filhotes
de galinhas de angola,
Um a um,
estraçalhados no chão.
Estava zangada,
a senhora!
Buscou lugares
escusos da casa
À guisa de um
ninho
(mas livros de
receita
E vãos de
armário
Não são lugar
de passarinho).
A removi de
todos,
Limpei os
estragos,
E ela me
olhava de lado.
Queria somente
procriar.
E a casa
dizia: não procriarás.
Ela então
resolveu
Sumir, ir-se
embora,
Desaparecer.
Procurei embaixo,
em cima,
Em todos os
lugares
Desta grande
gaiola
Em que vivo,
Mas não achei
sinal
Da passarinha.
Acho mais
É que
evanesceu no ar.
Ela era como
eu:
Foi-se embora
num sonhar...
ô passarinha bunitinha, adorei a histórinha, dá livro infantil, não dá?
ResponderExcluirEliane, se virar livro infantil, o prefácio é teu, que deu a idéia, e as ilustrações...você já me deu uma idéia...meu filho anda desenhando uns pássaros lindos! quem sabe?
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